sábado, 4 de maio de 2019

Isto dos professores já chateia

Maria Eduarda Gordino
Professora do 1.º Ciclo do Ensino Básico

-Isto dos professores já chateia! Querem tudo e mais alguma coisa! – Em voz bem alta a senhora olhou em redor certificando-se que todos no café a tinham ouvido. 

Ao balcão o homem de bigode sorriu e concordou com ar de enfado. No canto escuro um jovem soltou um “ya” sem tirar os olhos do telemóvel. 

Eu bebi os dois últimos goles do café queimado, pousei a chávena e senti-me muito sozinha. Estava só a professora num café cheio de gente. 

Percebi que têm de ser os professores a unir-se nas suas causas, nas suas lutas pois nem sempre quem está fora percebe o que a escola pública perdeu. É necessário que os professores deste país formem coletivos de luta pelos direitos de toda uma classe que já há muito tempo tem vindo a perder a motivação pela ação medidas que têm atacado diretamente a Educação no nosso país e, consequentemente, a vida dos professores. Os sindicatos são um coletivo de força, de apoio e de luta unida e são a resposta para a mudança e transformação da educação em Portugal. 

Apoiando a LISTA S sei com o que posso contar pois dela fazem parte profissionais e colegas que em muitos momentos cruciais mostraram que baixar os braços não é prática. 

Encontro na LISTA S colegas que muito se têm debatido pela contagem do tempo de serviço (9A 4M 2D), que lutam por uma gestão democrática nas escolas, que fazem frente à Municipalização, que lutaram pela vinculação dos colegas contratados, que lutam por horários dignos nas escolas, e tantas, tantas outras lutas de extrema importância e que veiculam a ideologia democrática e de justiça nas escolas. Sei que estão ao serviço dos professores. Dos colegas. 

A LISTA S encontra em mim um voto. O voto de quem tem ainda muito que trabalhar e lutar por melhores condições. Lutar sempre em coletivo pois lá diz a canção que “o povo é quem mais ordena.” Sendo assim, voto S. 

Volto ao balcão para pagar o café e estendo uma nota pequena. 

-Tenho de lhe dar troco, não é? Deixe-me cá ver quanto…”- disse baixinho a senhora do café. 

-Sim. São 9 anos, 4 meses e 2 dias. Bom dia

Recebi o troco, sorri e saí.

Maria Eduarda Gordino


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