quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Momentos de avaliação… Democracia, participação, pluralidade…

Helena Gonçalves, Dirigente do Departamento de
Educadores e Professores Aposentados do SPGL
Todos temos vários momentos, no decurso das nossas vidas, em que fazemos uma avaliação mais aprofundada sobre as várias opções que fomos fazendo, quer no campo privado, quer no profissional.

No período da aposentação, associado à idade mais avançada, dum modo geral, todos nós a fazemos…penso…

Agora, na situação de aposentada e com 70 anos de idade, recordo e avalio muitos momentos profissionais! De entre o conjunto desses momentos de que tenho muitas e boas recordações relevo a gestão “democrática” concretizada em conjunto com muitas e muitos colegas, com as AAE´s, com pais, com autarcas e respetivas técnicas… da 4ª/2ª Delegação Escolar de Lisboa.*

Em conjunto fomos adaptando formas de liderança e de gestão democrática, quer ao nível da Delegação, quer ao nível de cada estabelecimento, às necessidades reais sentidas e partilhadas, por todos. Cada um se tornou, porque estava envolvido, mais responsável pelo que funciona, ou não, na sua escola e se sente corresponsável no encontro das soluções mais adequadas a cada problema individual e coletivo.

Criámos, de fato, uma dinâmica própria.

Foram implementadas reuniões periódicas com os diretores de escola, ou seus representantes, para informação, análise de legislação, discussão de assuntos, troca de impressões e opiniões, para pôr em comum as dificuldades e interesses dos estabelecimentos e tentar encontrar, conjugando esforços, os melhores caminhos, as melhores soluções e, muitas vezes, apresentando propostas concretas.

Estas reuniões eram, em muitos casos, “motores” das reuniões de Conselhos Escolares que se queriam mobilizadores e orientadores de centros de interesse e dinâmicas próprias; que se queriam mobilizadores da ligação com os pais, com as autarquias, com os Centros de Saúde, com os “grupo-força” da comunidade.

Promoveram-se reuniões periódicas com as associações de pais, onde havia o cuidado de informar, analisar a legislação, encontrar pontos de consenso na resolução das dificuldades. Com esta estratégia criavam-se as condições para a sua participação sem que se intrometessem em determinados aspetos da vida escola, por ultrapassarem as suas funções. Também os professores passaram a aceitar que a intervenção dos pais tinha de ir mais além do que só ir “reclamar”, que tinham de ter em conta os seus pareceres e opiniões.

Todos fomos “crescendo” como pessoas e profissionais, fomo-nos formando através dos conhecimentos de uns e de outros, fomo-nos tornando mais seguras/os no trabalho que tínhamos de desenvolver naquilo de que éramos diretamente mais responsáveis.

Tornámo-nos um grupo coeso e responsável!

A coesão de todo o grupo, serviu para pressionar e, muitas vezes, mudar as posturas e decisões de outras instituições escolares, na altura “superiores hierárquicos”.
Muitos foram os resultados positivos…
  • O sermos olhados/os com mais respeito pelos pais, pelos serviços, pelos colegas, pelos inspetores, tanto pelas dinâmicas implementadas, que já eram imparáveis, como pelo respeito que fomos ganhando, pelos resultados alcançados.
  • A criação do Centro de Formação com a participação, na gestão, desde as educadoras e professores do 1º CEB aos professores do 2º/3º CEB e Secundário, quando o “normal” era só fazerem parte o último conjunto de docentes.
  • A realização de projetos educativos com o envolvimento de todos os jardins de Infância e escolas do 1º CEB e, respetivas Associações de Pais. Algumas vezes, com a cooperação de escolas de outros graus de ensino e, em muitos casos, também com o envolvimento do Centro de Saúde, grupos de teatro locais, IGE, autarquias.
  • A passagem dos alunos do 1º para 2º CEB de uma forma coordenada.
  • O lançamento da “semente” da riqueza deste tipo de organização do trabalho aos colegas que por aqui foram passando. Os colegas “novos”, levavam consigo maneiras de implementar estratégias de atuação, suficientemente argumentativas, para englobar todos os parceiros da comunidade educativa, fazendo-os sentir que eram parte integrante da mesma, bem como, parte da solução.


Todo este trabalho coletivo contribuiu, também, para a dinamização do trabalho sindical – criámos um Secretariado de Zona! Passámos a eleger mais delegados sindicais, a termos mais dirigentes sindicais e sócios.

Foi com base na riqueza deste trabalho coletivo, construído no pluralismo, que esta Delegação Escolar, à altura a 2ª, conseguiu dizer não à experiência que o ME pretendia ali concretizar – implementação do DL 172/91, de 10 de maio. Para o ME estavam criadas todas as condições favoráveis para implementação do seu modelo “democrático” com êxito! Mas este grupo coeso e sabendo analisar o que lhes era proposto, quer pelo seu trabalho coletivo, quer com o trabalho desenvolvido com o SPGL, conseguiu dizer não à sua implementação.

Foram estas vivências que me tornaram tão convicta da necessidade e da importância do trabalho coletivo assente no pluralismo, com vivências democráticas e de respeito, por isso, também na vida sindical, procurei estar na construção de dinâmicas com estes princípios.
Um SPGL ainda mais FORTE.

Helena Gonçalves


* Da 4ª Delegação Escolar faziam parte os JI´s e escolas de 1º CEB da freguesia de Benfica; da 2ª Delegação Escolar, criada pelo governo com o propósito de implementação um novo modelo de gestão - DL 172/91, de 10 de maio - faziam parte os JI´s e escolas de 1º CEB das freguesias de Benfica, Carnide, S. Domingos de Benfica, Campolide e S. Sebastião da Pedreira. 

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